Para mim fotografia é arte. A única arte em que me encaixo, diga-se de passagem. Gosto muito de observar fotos tiradas anos atrás e perceber coerência no que eu vi em determinada data e como aquele instante foi registrado.
Fotos funcionam como ícones de computador, que nos levam a distantes recordações, que nos despertam inúmeras sensações.
Estou cercado de fotos, de diversas viagens, de países distantes, de cidades próximas. E me pergunto: por quanto tempo será que as memórias resistem em nossa mente daquelas coisas que não foram registradas em película, ou .jpg? Qual a volatilidade de nossas lembranças? Cabe a nós irmos a um show e passarmos o tempo inteiro com um celular na mão assistindo tudo através de uma tela de uma polegada?
Pouco mais de dez anos atrás eu morei nos Estados Unidos, e lá eu aprendi uma frase que raramente nos é ensinada nos cursos de idiomas por aqui: Don't stare! Isso significa algo como "não fique encarando", mas funciona para mais coisas, sem conotações ruins, necessariamente. A palavra stare funciona em vários sentidos, pode ser encontrada na letra de diversas músicas (Staring at the Sun, U2 ou Offspring, como quiser).
Mas nos faz bem, de fato, por vezes, parar e olhar para coisas. Observar. Contemplar. Absorver o mundo com os olhos, como já me foi dito. Faz bem. Olhar a luz do sol entrar por uma fresta da janela de manhã, ou as folhas das árvores balançando. Simplesmente olhar, sem fazer absolutamente mais nada. Tá, pode sorrir... ouvir música... Mas importante mesmo é ver além do óbvio, prestar atenção, olhar com calma, analisar. Viajar.
Esta paisagem é digna de um bom protetor solar.
Foto: Mateus Local: Gov. Celso Ramos
Se você tem uma câmera fotográfica digital use-a. Fotografe. Registre. Mas não esqueça que o seu olhar é muito mais importante que um arquivo de computador.
Bring your angels along... Spread your wings and fly.